7.5.15

#Será que?


"Quando se descobre quão rápido tudo pode desmoronar e você nunca mais quer perder nada que é bom... Seja o que for entre nós, é algo bom. Isso é muito bom. Na verdade, é a melhor coisa que já me aconteceu. E não quero que termine."

Do filme: Será que?

22.1.15

Sou sua, mas não posso ser...





Olho nos seus olhos
E sinto que você
Faz eles brilharem
Como o astro rei

Nando Reis - Nos seus Olhos

24.4.14

Maio...

Maio está chegando e eu só consigo pensar: "Seja bonzinho dessa vez, seja bonzinho dessa vez, por favor..."
Sei bem que somos nós os responsáveis pela maior parte dos nossos dias serem bons ou ruins, mas às vezes, por uma conspiração astral, por passar por baixo da escada, por levantar com o pé esquerdo ou simplesmente porque é o momento e tem que acontecer, os dias de má sorte e tristeza chegam. Os meus chegaram, reviraram minha vida, mudaram minha rotina, me amadureceram na marra e passaram, como é de clichê... Mas todo mundo tem um Maio, assim como eu. E a gente lembra, a gente sempre lembra da agonia de um mês assim. Por isso eu peço baixinho, quase sussurrando: "Maio, seja bonzinho dessa vez..."

14.7.12

Uma sensação desconhecida há muito tempo, o vazio.

Há muito tempo venho procurando essa tal sensação de liberdade que dizem existir por aí e há algum tempo algo dentro de mim vem sussurrando baixinho que eu consegui. Mas conseguir isso quer dizer que passou, que todo o sentimento (pesado, mas lindo) que eu sinto (ou sentia?) não existe mais no meu coração. E, sinceramente, não sei lidar com isso. Eu sei o que é carregar alguém dentro do peito e ser escravo de pensamentos voltados a esse alguém. Mas esse vazio que me faz sentir o coração desocupado, eu não conheço. Porque, sejamos francos, eu nunca fui uma pessoa de vazios. Se um buraquinho começava a se formar, eu logo arrumava um jeito de tapar. Eu sempre gostei de sentir, mesmo que um sentimento platônico, não correspondido e, quem sabe, até meio forçado. Mas agora, eu não sinto. É como se dentro de mim fosse uma casa e o inquilino, que morou por anos, saiu sem dar explicações e levou com ele tudo, deixando a casa vazia e sem previsão para a chegada de um novo morador.

Vazio  (latim vacivus, -a, -um)
adj.
Cujo conteúdo foi retirado. = DESPEJADO
Que não é habitado ou frequentado = DESABITADO, DESPOVOADO
Que tem falta de algo. = CARENTE, DESPROVIDO, DESTITUÍDO
s. m.
O espaço vazio. = VÁCUO, VÃO ≠ CHEIO
Ausência de conteúdo. = OCO, VÃO
Sentimento de ausência ou de perda.

16.3.12

Ando muito esgotado, durmo só umas cinco horas por noite (logo eu, que se pudesse dormia umas 20), andei também ruim do coração, meu ritmo cardíaco estava a mais de 200 pulsações por minuto, precisei fazer um tratamento, não posso fazer esforço, nem tomar álcool, estou proibido de fumar mas não ligo. Algumas brigas terríveis em casa: andei fazendo umas experiências com mescalina, meus pais descobriram, foi aquele forró. Ando deprimido, agressivo, cansado — perdi uns cinco quilos: pareço um fantasma, tenho insônia e pesadelos horrendos, idéias negras durante a noite. Hildinha, se você soubesse como ando escuro, como ando perdido, como me distanciei de mim e das coisas em que acreditava: tenho participado de festas louquíssimas, na base da maconha, da nudez, jogo da verdade, bacanais, surubas. Por favor, queria tanto que me compreendesses. Ando muito sozinho, nessas festas se reúnem artistas plásticos, atores, atrizes, escritores — todos jovens, perdidos, desesperados — é uma coisa terrível. Chega a ser comovente a maneira errada como eles buscam a pureza, como eles tentam se convencer que os bacanais são a forma mais absoluta de comunicação: finjo o tempo todo, rio, sou alegre, dispersivo, com aquele brilho superficial e ridículo. E em cada fim de noite me sinto um lixo. Há tempos estou vivendo uma estória-deamor-impossível que rebenta a saúde: sei que não dá pé de jeito nenhum e não consigo me libertar, esquecer — estou completamente fixado nessa pessoa, vivo todas as horas do dia em função de encontrá-la, à noite. É insuportável. Sei que estou me autodestruindo, mas isso já não me assusta: penso se não será melhor afundar, afundar até acabar numa clínica. A juventude de Porto Alegre é uma coisa terrível: 90% de viciados em tóxicos, todos fugindo de si, das máquinas, do fazer alguma-coisa. Acho que quem está de fora não pode condenar, condenar simplesmente é desprezível — é preciso compreender. Existe uma sede de amor impressionante. Estou sendo muito honesto ao te contar essas coisas, poderia facilmente escondê-las: sei que me arrisco a te chocar, te ferir, te agredir. Mas eu nunca quis ser gostado por aquilo que não sou ou aparento ser. Não vejo saída, Hildinha, sinto que cada vez mais tudo se fecha. Também não adianta pedir ajuda a ninguém, ninguém pode dar. Talvez isso passe, não sei quando, talvez seja só uma fase, das mais difíceis que atravessei, mas até passar estarei me desgastando, me consumindo. Tenho chegado a extremos que não me julgava capaz. E como isso dói. Queria tanto que alguém me amasse por alguma coisa que eu escrevi. Não sei mais o que te escrever, estou muito confuso, muito distraído. Pressinto muito próximo o fim de alguma coisa que não sei especificar qual seja. Mas não se preocupe muito comigo, não vale a pena. Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraco para entrar. Não faço planos, não sei o que vai acontecer amanhã. É só, Hildinha.

Um beijo enorme do seu,


Caio Fernando Abreu

10.3.12

Foi o seu pior fracasso, e ela jamais conseguiu se esquecer dele. A redenção só veio com o professor que lhe deu o anel romano. Sexo, sim, e da melhor qualidade, mas sexo com metafísica. Sexo com metafísica com um homem dotado de gravitas que não é vaidoso. Um homem como Kundera. É esse seu plano.

Philip Roth in: A marca humana. Cia. das Letras, p. 333

6.3.12

E nem ao menos tive tempo de sentir a falta que ele me fez. Estava ocupada demais sufocando minha própria carência. Acho que poder-se-ia dizer que fui egoísta e só pensei em mim e esqueci o que vivemos juntos. Mas há momentos em que salvar-se exige muito de si mesmo, e só se tem a si próprio quando se abre mão dos outros.

Thalita Madeira

16.2.12

Na primeira semana eu esqueci um anel. E ele me devolveu.
Logo depois um par de brincos, que também foram devolvidos.
Em seguida foi um creme, que ficou sem devolução.
Ontem deixei o meu chinelo e hoje ele me perguntou se eu quero uma gaveta.
Acho que mês que vem é bem capaz de eu esquecer o meu coração por lá...

25.10.11

Eu fui para o café... Quero que você saiba disso. Fui a um café... Pedi um suco e fiquei olhando as pessoas, escutando as conversas das mesas próximas, como fazíamos. No banheiro, chorei. Nunca tinha chorado em um lugar público. Um estranho me consolou. Eu sentia minhas pernas tão pesadas. Fiquei umas duas semanas de cama... Eu inventei uma gripe, isso se transformou em uma sinusite, e finalmente se tornou uma pneumonia...
Me lembro de um dia, um dia de merda, um dia de maio de merda. Eu pedi para minha mãe que ligasse para você. Eu não conseguia sair da cama, não parava de chorar. Falei muito séria com minha mãe: “Mamãe liga para ele”. Ela olhou para mim, só olhou-me e disse: “Não vamos ligar para ninguém”.
[...] Estaria mentindo se eu disser que não penso como minha vida teria sido. Como seria estar com você. Se teríamos filhos, se estaríamos juntos em uma tempestade de neve, ou se no verão viajaríamos para uma cidadezinha pequena. Ou coisas simples: comprar frutas, pagar as contas, comprar um presente.


Do filme: A Vida dos Peixes (La Vida de Los Peces) / Direção: Matias Bizes / Ano: 2010